Efeito Trump: China amplia tarifas sobre produtos dos EUA em 34%

Comércio desigual: China vende aos EUA muito mais do que compra — diferença chega a US$ 436 bilhões.

4/5/20252 min read

China reage à guerra comercial com tarifa histórica e intensifica tensão com os EUA

Em um novo capítulo da guerra comercial, a China anunciou a imposição de tarifas extras de 34% sobre todos os produtos americanos. A medida, classificada como histórica, eleva o clima de incerteza global e reforça o temor de uma possível recessão mundial.

Retaliação direta

"Tarifa por tarifa, percentual por percentual." Foi assim que o Ministério das Finanças da China justificou a decisão, adotando uma resposta simétrica às medidas dos Estados Unidos. As novas tarifas atingem todo o portfólio de produtos americanos que entram no mercado chinês.

O presidente Donald Trump reagiu de imediato nas redes sociais:

“A China jogou errado, eles entraram em pânico — a única coisa que não podem fazer.”

Impacto global

Para o economista Larry White, da Universidade de Nova York, tanto os EUA quanto a China, e até outros países, sentirão os efeitos da escalada:

“Os consumidores americanos vão pagar mais caro, os exportadores perderão espaço no mercado e o comércio internacional como um todo será prejudicado — o que reduz o valor dos bens de consumo para todos.”

Medidas adicionais da China

Além das tarifas, o Ministério do Comércio chinês incluiu onze empresas dos EUA em uma lista de entidades “não confiáveis”, o que, na prática, proíbe essas companhias de atuarem na China. Outra ofensiva foi a restrição à exportação de sete minerais raros aos Estados Unidos — insumos estratégicos para a produção de veículos elétricos e armamentos de alta tecnologia, cuja extração e processamento estão concentrados em território chinês.

O governo chinês também abriu uma investigação sobre as importações de equipamentos médicos — um dos poucos setores em que os EUA ainda mantêm superávit comercial com a China.

Balança comercial desequilibrada

Atualmente, o comércio bilateral favorece amplamente os chineses. A China exporta cerca de US$ 436 bilhões a mais do que importa dos EUA, com uma pauta diversificada que inclui roupas, calçados, eletrodomésticos, móveis e brinquedos — itens que chegam diretamente ao consumidor final americano. Enquanto isso, os principais produtos exportados pelos EUA à China são soja, aviões e equipamentos pesados.

Segundo Larry White, o impacto inflacionário dessa nova rodada de tarifas será sentido mais diretamente nos Estados Unidos:

“A China vende bens de consumo básicos, como brinquedos e smartphones. Embora a economia chinesa também vá sofrer, o governo pode considerar que vale o custo da retaliação.”

Cautela no cenário econômico

Mesmo diante da escalada nas tensões e de sinais de desaceleração, o presidente do Federal Reserve (FED), Jerome Powell, manteve cautela quanto a mudanças na taxa de juros:

“O tamanho e a duração dos impactos econômicos ainda são incertos.”

Sinais mistos nos EUA

Em meio ao cenário turbulento, o mercado de trabalho americano trouxe um alívio pontual: foram criadas 228 mil vagas em fevereiro, mantendo a taxa de desemprego em 4,2%.

No entanto, analistas alertam que esses dados refletem apenas o passado e não capturam os efeitos das tarifas que virão.

“A taxa de desemprego ainda está historicamente baixa, mas acredito que deve subir para 5% ou 5,5% nos próximos meses. A economia deve desacelerar, com risco real de estagnação ou recessão. As perdas serão inevitáveis”, conclui White.